O açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) é nativo da Amazônia brasileira e encontrado frequentemente em solos de várzea; possui grande relevância econômica e social na região Norte do Brasil, destacando-se o estado do Pará como maior produtor e consumidor. No estado do Amapá, o consumo do açaí é um hábito cultural da população e o município de Mazagão ocupa a segunda posição no ranking de produtor de açaí do Estado; em consequência disso, ocorre o aumento da geração de resíduos dos frutos de açai marcerados, sendo este descartado de forma inadequada. Neste sentido, objetivou-se conhecer a atividade agroindustrial de frutos de açaí aliada ao gerenciamento dos resíduos do processamento na zona urbana do município de Mazagão, Amapá. Para tanto, realizou-se uma pesquisa de campo, de abordagem quali-quantitativa, tendo como ferramenta de coleta de dados a entrevista com roteiro semi-estruturado. Foram entrevistados 16 manipuladores artesanais (batedores) de açaí, sendo 87% do sexo masculino e 13% do feminino, com experiência de atuação na atividade variando de um a mais de 10 anos, com renda mensal até três mil reais. Observou-se que 69% dos pesquisados receberam capacitação pelo Serviço Brasileiro de apoio às micro e pequenas empresas – SEBRAE, para exercer a atividade. De acordo com 50% dos entrevistados o preço de aquisição do fruto considera-se razoável, porém 38% considera o preço de venda do do vinho do açaí como bom, podendo render 25 a 30 litros do açaí processado em litros, sendo o produto adiquirido proveniente da região e proximidades do município de Mazagão-AP e das ilhas do Pará. A quantidade estimada de resíduo de açaí produzida diariamente varia entre quatro a mais de 10 sacas de resíduo, sendo que o descarte deste material é feito em propriedades particulares ou retirado por terceiros mediante pagamento pelo proprietário da unidade, sendo descartado duas vezes por semana. No que tange à utilização do resíduo gerado do processamento de frutos, 81% dos entrevistados conhecem alguma forma de reaproveitamento, citando-se a utilização como adubo e carvão vegetal. Os problemas sociais e ambientais causados pelo descarte inadequado do resíduo do processamento e há interesse dos manipuladores artesanais no reaproveitamento sustentável do resíduo.