CARACTERIZAÇÃO DA PESCA E COMERCIALIZAÇÃO DO ARAPAIMA GIGAS (SCHINZ, 1822) NO MUNICÍPIO DE PRACUÚBA, ESTADO DO AMAPÁ, BRASIL
RESUMO
O estado do Amapá apresenta rica diversidade hidrológica, consequentemente uma variabilidade de espécies aquáticas. O município do Pracuúba está contido na região dos lagos e escoa muitos peixes de valor comercial, entretanto os dados de captura e comercialização do pirarucu (A. gigas) não constam nas estatísticas, pois trata-se de uma atividade suspensa por determinação do órgão estadual. Baseado neste contexto objetivou-se caracterizar a pesca, transporte, comercialização e aspectos etnobiológicos da espécie no município do Pracuúba, Amapá, Brasil, no sentido de auxiliar o processo de conservação da espécie. A pesquisa baseou-se no método etnográfico, de natureza descritiva e abordagem quali e quantitativa, instrumentada por entrevistas e observações de campo. Foram entrevistados 34 pescadores, escolhidos através da técnica “snowball” com intuito de atingir o maior número amostral. Evidenciou-se a predominância do sexo masculino na atividade, e idade média de 44 anos, mais da metade vivem em união consensual, e 76% dos arguidos são oriundos do próprio município. Quanto à escolaridade, 41,2% dos pescadores estudou até o ensino fundamental, e 97% dos pescadores é cadastrado na Colônia de pescadores Z-11. Nenhum entrevistado alegou que a pesca do pirarucu era exclusivamente comercial, também capturam outras espécies de peixes para comercializar. Os pescadores utilizam barcos tipo canoa e batelão. No que se refere ao tempo que exercem a atividade de pesca do pirarucu, as respostas dos entrevistados apontaram uma variação de 3 a 52 anos. A maioria dos pescadores utiliza mais de um apetrecho, que são empregados conforme a necessidade, determinada por fatores econômicos e/ou ambientais. O arpão é o apetrecho mais utilizado na captura do pirarucu e 52% dos entrevistados o elegem como arte prioritária na pesca da espécie e utilizam o gelo como principal forma de conservação. O peixe é comercializado, em grande parte (93,5%) na própria região, em sua maioria de forma varejista, muitas vezes, na casa do próprio pescador. A maioria (68%) dos entrevistados relatou renda de R$150,00 a R$600,00 mensais com a venda do peixe. Os arguidos apresentaram conhecimento etnoictiológico da espécie, muito próximo ao que é descrito na literatura, além disso apontaram alguns conflitos sociais que envolviam a pesca do pirarucu
Autor(a): Débora de Oliveira Thomaz
Tipo de Documento: Dissertação
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