IMPACTOS SOCIAMBIENTAIS DA HIDRELÉTRICA SANTO ANTÔNIO DO JARI: A PERCEPÇÃO DE COMUNIDADES AFETADAS
RESUMO
A pesquisa tem como objetivo analisar os impactos socioeconômicos e ambientais produzidos pela construção da Usina Hidrelétrica Santo Antônio do Jari, a partir da percepção das comunidades afetadas. A pesquisa foi realizada com as comunidades São Francisco do Iratapuru, Santo Antônio da Cachoeira, São José e Padaria, pertencentes ao município de Laranjal do Jari, no Amapá, moradores da área de influência direta da hidrelétrica. Esse estudo configura-se como uma pesquisa qualitativa, na qual foi realizada pesquisa de campo entre os meses de julho e novembro de 2018. A coleta de dados foi realizada por meio da amostragem em bola de neve e a aplicação de 42 formulários semiestruturados com questões abertas e fechadas que permitiram identificar as expectativas dos atores locais em relação ao empreendimento e os principais problemas socioeconômicos e ambientais decorrentes da presença da hidrelétrica na região, além de questões relacionadas ao acesso aos recursos naturais após a instalação da hidrelétrica. Para auxiliar a análise, fontes de dados secundárias foram exploradas tais como os estudos e relatórios de impacto ambiental e de monitoramento das atividades da hidrelétrica. Para a análise e interpretação dos dados foi utilizada a técnica de análise de conteúdo de Bardin. Os resultados mostram que as comunidades afetadas pela hidrelétrica Santo Antônio do Jari estão vivenciando os impactos negativos decorrentes das alterações ambientais geradas, sobretudo pela formação do reservatório. Esses impactos compreendem realocação de comunidades, redução da disponibilidade e do acesso aos recursos naturais, perda dos meios de subsistência, ameaças à segurança alimentar, alteração do estilo de vida. A realidade resultante é marcada pelo remanejamento, pelo declínio da disponibilidade de recursos naturais, prejudicando a autossuficiência alimentar, o uso de áreas com valores culturais e espirituais e interferindo nas atividades socioeconômicas. Para as comunidades, resta-lhes a readaptação à nova vida imposta e o estabelecimento de novas relações socioculturais com o novo ambiente, fisicamente transformado.
Autor(a): Maíria de Sousa Lopes
Tipo de Documento: Dissertação
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