BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR NA AMAZÔNIA AMAPAENSE: (IM)POSSIBILIDADES E DESAFIOS NA CONCEPÇÃO DE PROFESSORES DE LARANJAL DO JARI
RESUMO
Esta pesquisa focalizou a temática de políticas de currículo. Investigou-se a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) na concepção de professores dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, do município de Laranjal do Jari (AP). Teve como objetivo geral analisar como os docentes de Laranjal do Jari (AP), compreendem os reflexos da implementação da BNCC para o processo educativo nesse município. Pretendeu-se com os objetivos específicos: 1) compreender a BNCC como um documento basilar do campo de disputas pelos projetos de educação postos socialmente; 2) discutir as contradições pertinentes à construção de uma Base Nacional Comum Curricular frente à diversidade cultural, social e econômica da Amazônia Amapaense, especificamente, no contexto de Laranjal do Jari; 3) Analisar as implicações da BNCC para as atividades pedagógicas, na perspectiva dos professores de Laranjal do Jari. Adotou-se como método de pesquisa o Materialismo Histórico Dialético, porque essa abordagem compreende que as políticas de currículo não se efetivam de forma isolada e neutra, mas que tensionam em um campo de disputas por um projeto de educação, de sociedade, privilegiando alguns conhecimentos e subalternizando outros. O estudo se constitui como uma pesquisa de campo, com abordagem qualitativa, cujos dados foram obtidos através de entrevistas semiestruturadas que tem como sujeitos professores do Ensino Fundamental I do município de Laranjal do Jari. Realizou-se uma análise qualitativa dos dados, na qual fizemos inferências, subsidiadas pela base epistemológica ancorada principalmente em Freire (2000), Contreras (2002), Apple (1999), Silva (2019), Arroyo (2013), Sacristán (2017) e Moreira e Candau (2008). Nesse sentido, a discussão questionou a BNCC como política curricular hegemônica, a qual desconsidera os saberes da Amazônia Amapaense – região diversa e com processos sociais singulares no Norte do Brasil. A BNCC traz para a educação da Amazônia Amapaense limitações que se revelam desde o planejamento do professor diante das competências e habilidades que devem ser desenvolvidas, limitações quanto à autonomia e à criatividade docente, à formação necessária dos sujeitos laranjalenses, frente às suas reais necessidades. Os resultados apontam que os professores não percebem com muita clareza a hegemonia presente no documento da Base, demostrando preocupação com as competências impostas pela BNCC aos seus planejamentos, tendo em vista que as escolas nas quais atuam não possuem condições estruturais para efetivar conhecimentos tecnológicos intrínsecos na competência da cultura digital. Demonstram, ainda, que a implementação da Base intensificará as atividades pedagógicas, trazendo maior responsabilização e precarização aos docentes diante das condições efetivas das escolas frente às competências propostas na BNCC, e o alinhamento dessas com as avaliações externas. Dessa forma, indicamos a necessidade de novos estudos sobre a BNCC, críticos e resistentes – que endossem a luta contínua e coletiva, por currículos mais inclusivos e identitários, que crie relações de pertencimento e que considere os saberes da Amazônia Amapaense e dos povos laranjalenses.
Autor(a): Judinete do Socorro Alves de Souza
Tipo de Documento: Dissertação
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